Ó bendito o que semeia livros, livros à mão


cheia... e faz o povo pensar!
O livro caindo n'alma é germe que faz a palma, é


chuva que faz o mar!


Castro Alves


sábado, 30 de outubro de 2010

Política pública

A ignorância faz de nós seres medíocres. A cultura de que a criança que frequenta creche é a criança carente já está mais que ultrapassada. Realmente a creche atende crianças cujas famílias apresentam um poder aquisitivo aquém às suas necessidades e esta instituição, por vezes, supre o que falta em casa. Mas não é só. Abrange também o atendimento à crianças que vivem em famílias que apontam noção sobre a necessidade em proporcionar um ambiente especializado na educação formal de crianças que vão além do cuidar, oportunizar momentos para educar os pequenos. Portanto, unem o "útil o agradável": levam seus filhos à escola enquanto trabalham, por confiar que estes serão atendidos adequadamente. Trata-se portanto, não de um depósito de crianças, e sim de uma unidade escolar em que trabalham pessoas especializadas/capacitadas para atender à criança com qualidade em sua totalidade, sem, contudo, tomar o espaço que a família ocupa e necessita ocupar na vida destes. Considero ultrapassada a cultura social de que a creche deve atender exclusivamente mães que trabalham. Não. Não que deva prestar serviço assistencial e paternalista. Mas que a criança de hoje não apresenta comportamentos adequados à épocas remotas. A criança hoje é ativa e questionadora, não satisfaz-se com qualquer resposta e estímulo. Então, por que não oportunizar a vivência social em um lugar preparado para recebê-la com recursos físicos, materiais e sócio-culturais? Não nego que já fiz parte do grupo contra a criança na creche. Hoje reconheço minha ignorância. Há obviamente muito a ser conquistado para que o atendimento seja perfeito. É neste sentido que caminham as políticas públicas atuais. É praticamente consenso entre educadores e especialistas que os primeiros anos de vida são os mais importantes para o aprendizado humano. Para o professor Marcelo Neri, chefe do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV) do Rio de Janeiro, o ensino em creches e pré-escolas deveria ser a prioridade das políticas públicas do país. "As chances de uma criança que teve uma boa educação na primeira infância ser bem sucedida na vida adulta são bem maiores" (http://educarparacrescer.abril.com.br/).

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Ética

Que lugar tem ocupado a formação do sujeito ético na educação? Como não cair em posturas moralizantes e segregadoras diante da diversidade de comportamento dos educandos? Estas são algumas das questões que buscou-se responder ou, ao menos, a aproximação das respostas por Miguel Arroyo e Yves de La Taille no Congresso sobre educação em São José dos Campos.

Atualmente vivemos uma crise de valores na escola e, como educadores, devemos pensar na dimensão ética considerando os alunos como gente! Seres que devem ter a oportunidade na escola, de momentos que são privados na sociedade, no seio de suas famílias. Como uma criança aponta um comportamento de receptividade ao conteúdo/conhecimento de forma ativa, se seu lar está em crise? Neste sentido, muitos lembrariam do paternalismo, assistencialismo e justificariam que a escola não tem a obrigação de abraçar a causa. Por outro lado, não fazendo-o, estaria renegando o papel de considerar o aluno como um ser dotado de emoção/sentimentos, apenas de razão. Nós adultos, sabemos pela vivência, proteger a nós mesmos. E as crianças? Até as grandes empresas hoje, "abraçam" seus funcionários com ginásticas laborais, massagens, creches para seus filhos além de outros benefícios, pois tem noção de que, quanto mais satisfeito e feliz, mais resultado produzirá. Esta não é uma visão cultural na educação. A maioria dos educadores acentua o problema elevando a negatividade moral e ética das famílias. Mas, o que fazem para minimizar o problema? Dependendo do olhar que lançarmos sobre, buscaremos meios para diminuir o problema. "A sala de aula é a expressão da falta de valores sociais, entretanto não devemos renegá-la." Portanto, devemos despir-nos da condição docente tão fria para tornarmos mais humanos. (Arroyo). Quem sabe, princípios e valores como respeito, amor, carinho, solidariedade reflitam na criança, impulsionando um insite de apropriação, apontando que a falta de princípios não é genética.

Segundo Yves, devemos enxergar a ética não como um conjunto de deveres, mas como a busca de uma vida boa que contempla o bem estar do outro com justiça, respeito, dignidade... Neste sentido, por que o aluno não consegue seguir as regras? Porque falta-lhe um projeto de vida – um sentido moral para a vida escolar. A escola deve apontar o conhecimento que é a criação do sentido, agindo de forma contemporânea, aspecto de resistência à comunidade escolar. Não adianta satisfazer-nos apenas com alunos que já gozam de alegrias em família. O desafio reside justamente em mediar e oferecer sentido moral aos pequenos que estão neutralizados pela anestesia do meio em que vivem. Meio pelo qual vivem superficialmente, uma vida que requer resultados momentâneos, passageiros, ou seja, relacionam-se com o mundo de maneira turista (Bauman), sem lançar mão dos valores éticos e morais.